segunda-feira, 2 de julho de 2007

FOME DE AMOR



>
> Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que
> disserem, o mal do século é a solidão" Pretensiosamente digo que
> assino embaixo > >sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão
> batendo em nossa cara todos os dias.
>
>
> Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros
>e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam
>sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram,
> trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
> Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os
> novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse,
> era resolvido fácil, alguém duvída?
>
>
> Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber
>carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances sexuais
>dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois
> saber que vão "apenas" dormirem abraçados, sabe essas coisas simples
> que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo,
>desde que não interrompa a carreira, a produção.
>
>
> Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como
> voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão
> distante de nós.
>
>
> Quem duvída do que estou dizendo, dá uma olhada no site de
> relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor
> pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra
> ser sozinho!"
>
>
> Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma
>multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e
> inacessíveis.
>
>
> Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a
> cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o
> solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas
> bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de
> frente e aceitar essa verdade de cara limpa.
>
>
> Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio,
> démodé, brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos
> fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja
> frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai
> descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto,
>e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!),
> aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais
>volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.
> Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que
> se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno
> demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar
> iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si
> mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos
> achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso
> cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: vamos ter
> bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os
> dois vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo
>tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida.
>
>
> Antes idiota que infeliz!
> (Arnaldo Jabor)

Um comentário:

Um pássaro disse...

Engraçado você postar isso, tenho pensado tanto, sentido tanto, mas parece que não encontro ninguém para compartilhar isso.
Arnaldo Jabour está corretíssimo como sempre, o problema é encontrar alguém que queira segurar na nossa mão, e viver bons e maus momentos, pelo tempo que durar, ser feliz a dois, sem amanhã.
Acho que ficamos muito presos no futuro, e não deixamos a coisa fluir, tem que ser cada momento, o amanhã nós construimos hoje, a cada passo, e caminhamos juntos, enquanto for bom.
Mas, me pergunto, com quem caminhar? Como dizer, como convidar o outro para caminhar junto?